quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Atualidades do mercado financeiro e bancário 03

Inadimplência cai e crédito aumenta no BB
Inflado por abertura de capital da BB Seguridade, lucro atinge R$ 7,5 bi no 2º trimestre e é o maior da história do setor
Banco eleva previsão para alta do crédito e reduz calote para menor patamar em 11 anos; analista questiona dado
TONI SCIARRETTAANDERSON FIGODE SÃO PAULOErraram os analistas que apostavam na alta da inadimplência do Banco do Brasil como resultado de uma política arriscada de concessão de crédito em um momento de desaceleração econômica.
O banco estatal não só conseguiu derrubar a inadimplência para 1,87%, menor patamar em 11 anos, como elevou a previsão de expansão do crédito em 2013.
Enquanto os bancos privados preveem crescimento dos empréstimos de no máximo 13% neste ano, o BB espera evolução entre 17% e 21% (antes, era entre 16% e 20%).
Até o segundo trimestre, o banco já entregou um incremento anual de 25,8%, o segundo maior depois da rival estatal Caixa, que vinha crescendo 43% até o primeiro trimestre. O balanço da instituição sai amanhã.
"A gente está vendo uma grande oportunidade de expansão, enquanto o mercado recua. Trabalhamos com prudência, temos crescido de forma sustentável e com níveis de inadimplência cada vez menores", disse Aldemir Bendine, presidente do BB.
Há no mercado, porém, quem desconfie. "Não tem como um banco que tem crédito rural elevado e não tem um sistema tão mais evoluído ter uma inadimplência menor", diz Erivelto Martins, presidente da Austin Ratings. "Deve estar havendo uma renegociação de crédito", disse.
RESULTADO INFLADO
Maior instituição financeira do país, o BB teve lucro líquido recorde de R$ 7,472 bilhões no segundo trimestre --R$ 10 bilhões no semestre, o maior já apurado pelos banco, segundo a Economatica.
O resultado foi inflado pela venda de 30% das ações da BB Seguridade, que em abril fez a maior abertura de capital do mundo em 2013, trazendo R$ 9,8 bilhões ao banco.
Sem a BB Seguridade e demais eventos extraordinários, o lucro cai para R$ 2,634 bilhões --12,4% menos do que no mesmo período de 2012 e abaixo de Bradesco e Itaú.
O lucro recorrente menor é resultado de margens mais apertadas de ganho com empréstimos no BB, que implementa a política de juros menores de Dilma Rousseff.
Apesar do crescimento de 25,8% no crédito, a receita com empréstimos ficou estável, passando de R$ 11,611 bilhões para R$ 11,691 bilhões, entre o 2º trimestre de 2012 e o mesmo período de 2013.
    Fonte: Folha de São Paulo

sábado, 3 de agosto de 2013

BC decreta liquidação do Rural

Oito anos após o escândalo do mensalão, o Banco Central decidiu decretar a liquidação extrajudicial do Banco Rural, instituição financeira cujos dirigentes foram condenados por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos.
O patrimônio negativo era de R$ 300 milhões por causa de perdas judiciais.
Segundo o BC, o motivo da liquidação é o "comprometimento da sua situação econômico-financeira" e da "falta de um plano viável" para a recuperação do banco.
Kátia Rabello, da família que controla o Rural, diz que foi surpreendida pela decisão do BC e que tomará medidas judiciais. "O Banco Rural tem mais de 50 anos de existência e nesse período jamais causou prejuízo a quem quer que seja", afirma nota dos controladores.
Com a liquidação, o Banco Rural deixa de funcionar, os funcionários são dispensados e os bens dos donos e gestores ficam indisponíveis. O liquidante, nomeado pelo Banco Central, passa a se ocupar em vender bens aplicações para ressarcir os credores.
Os investidores e clientes serão ressarcidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até o limite de R$ 250 mil para pessoa física e de R$ 20 milhões para os que compraram títulos com direito de cobertura especial.
Desde a CPI dos Correios, em 2005, a situação financeira do banco ficou comprometida com a perda de clientes e investidores.
A presidente do banco, no entanto, fez sucessivos aportes para mantê-lo em funcionamento com o objetivo de vendê-lo mais tarde. O último aporte foi de R$ 65 milhões em fevereiro de 2012, por determinação do BC.
Há cinco anos, o Fundo Garantidor de Crédito procurava um comprador, mas nenhuma instituição queria vincular seu nome ao mensalão.
O banco aparecia em escândalos políticos nos últimos 25 anos, pelo menos. Esteve envolvido no chamado esquema PC do então presidente Fernando Collor, no início dos anos 90, e na CPI dos Precatórios.
No julgamento do mensalão, Kátia Rabello, a ex-presidente do banco, e José Roberto Salgado, ex-diretor internacional, foram condenados a 16 anos e 8 meses de prisão. Vinicius Samarane, ex-vice-presidente, pegou oito anos e nove meses.
O banco simulava empréstimos para o PT pagar propinas a parlamentares, que não eram cobrados do partido. Só após a eclosão do escândalo, o banco cobrou o PT.
O QUE ACONTECE COM OS CLIENTES
- Investidores e clientes serão ressarcidos pelo FGC

- O limite é R$ 250 mil para pessoa física e R$ 20 milhões para os que compraram títulos com direito de cobertura especial.
Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Bancos estreiam no cadastro de bons pagadores

A saga do cadastro positivo no Brasil, o banco de dados que reúne informações de bons pagadores, tem hoje um capítulo decisivo. Mas está longe de acabar no final feliz esperado por instituições financeiras e tomadores.
A partir de hoje, as instituições financeiras - nesse rol não entram as administradoras de consórcio - são obrigadas a estar prontas para alimentar o sistema que reúne as informações de quem paga as dívidas em dia. A expectativa, tanto dos bancos como das empresas que fazem a gestão desses dados, contudo, é que ainda levará mais cinco anos até que o cadastro esteja funcionando plenamente.
"O mínimo de massa crítica necessária para que o cadastro positivo possa começar a operar são cerca de 7 a 8 milhões de CPFs, o que corresponde a 10% da população economicamente ativa", afirma Dorival Dourado, presidente da Boa Vista Serviços, um dos bancos de dados responsáveis pelas informações dos tomadores. Hoje, segundo Dourado, mesmo sem as instituições financeiras, há cerca de 2 milhões de CPFs no cadastro. Ele espera que demorará até cinco anos para que o cadastro positivo faça parte da cultura de tomadores e empresas no país.
Ricardo Loureiro, da Serasa Experian, estima entre 30 milhões e 40 milhões de CPFs no Brasil que pertencem a tomadores mais frequentes de crédito, sendo esse o número ideal para a "maturidade" do cadastro positivo brasileiro. O executivo não arrisca, porém, estimar quanto tempo levará para que esse nível seja atingido.
Loureiro espera que a adesão ao cadastro positivo de empresas não-financeiras, como concessionárias de serviços públicos e varejistas, se acelere após a chegada dos bancos. Tanto a Serasa como a Boa Vista já contam com contratos com varejistas de grande porte, como a Casas Bahia. Mas, segundo Loureiro, ainda é mínimo o número de empresas desse tipo que fornecem informações à base, não passando de 50.
Entre os bancos, o projeto ficou conhecido como "Novo Cadastro" e foi conduzido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Cerca de 100 instituições financeiras vão usar a plataforma única para o cadastro positivo, que vai transmitir as informações no âmbito da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), pertencente aos bancos. A CIP fará a ponte entre os bancos e as empresas de banco de dados selecionadas para trabalhar com o sistema: Boa Vista, Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Serasa e Crivo TransUnion (em homologação).
"A experiência internacional mostra que são necessários de três a quatro anos para se observar os primeiros impactos do Novo Cadastro no crédito concedido", afirmou a Febraban, em comunicado.
Os bancos já dispõem de uma espécie de birô positivo no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR), que permite visualizar a exposição de tomadores ao sistema financeiro, com abertura de operações a partir de R$ 1 mil. Para Almir Carrion, diretor de Relações Institucionais da C&M Software, fornecedora de tecnologia financeira, o cadastro positivo vai enriquecer as informações do SCR aumentando a assertividade de modelos de crédito.